Estou a publicar no meu blog excertos dos livros de Herança, aqui está o blog e o primeiro excerto.
http://ciclodaheranca.blogspot.pt/
Herança - Dança de Espadas
Eragon cravou Brisingr no chão, entre as botas - algo que jamais faria com uma espada de aço normal - e poisou as mãos no punho, enquanto observava os homens e os animais amontoados na estrada que saía da vasta cidade de pedra. A turbulência entre as hostes diminuíra consideravelmente e ele calculou que já não deveria faltar muito para que as trompas dos Varden lhes dessem ordem para avançar.
Entretanto, continuava a sentir-se enquieto.
Olhou para Arya, que estava junto de Saphira, e um sorriso espalhou-se gradualmente pelo seu rosto. Poisando Brisingr sobre o ombro, aproximou-se calmamente dela, apontando para a espada.
- E tu, Arya? Só lutamos juntos daquela vez em Farthen Dur. - O sorriso alargou-se e fez um floreado com Brisingr. - Melhorei um pouco desde então.
- Pois melhoraste.
- Então, o que me dizes?
Ela olhou criticamente para os Varden e encolheu os ombros.
- Porque não?
Ao encaminharem-se para a extensão plana de erva, ele disse:
- Não vais conseguir vencer-me tão facilmente como antes.
- Tenho a certeza que não.
Arya aprontou a espada e, depois, viraram-se um para o outro, a cerca de nove metros de distância. Sentindo-se confiante, Eragon avançou rapidamente, pois já sabia onde a ia atingir: no ombro direito.
Arya ficou onde estava e não fez qualquer tentativa para se esquivar e, quando ele estava a menos de quatro metros, lançou-lhe um sorriso afetuoso e redioso que lhe enalteceu de tal forma a beleza que Eragon vacilou e os seus pensamentos baralharam-se.
Um fio de aço cintilou na sua direção, mas ele demorou demasiado tempo a erguer Brisingr para aparar o golpe. Um choque percorreu-lhe o braço e ele sentiu a ponta da espada roçar em algo sólido - punho, lâmina ou carne, não sabia ao certo o que era. Fosse o que fosse, percebeu que avaliara mal a distância e que a sua reação o deixara vulnerável ao ataque.
Antes que pudesse conter o seu impulso para diante, um outro impacto desviou-lhe bruscamente o braço que empunhava a espada para o lado. Depois sentiu um nó de dor no tronco, quando Arya o atingiu no torso e o atirou ao chão.
Eragon gemeu, ao aterrar de costas, e ficou sem ar nos pulmões. Olhou para o céu de boca aberta e tentou respirar, mas tinha o abdómen contraído e rijo como pedra, não conseguindo enchendo os pulmões de ar. Uma constelação de pontos vermelhos surgiu-lhe diante dos olhos e, durante alguns segundos de desconforto, receou perder a consciência. Mas depois libertou os músculos e arfou ruidosamente, conseguindo voltar a respirar.
Logo que recuperou a clareza, voltou a levantar-se lentamente, usando Brisingr para se amparar e apoiou-se na espada, curvado como um velho, esperando que a dor no estômago abrandasse.
- Tu fizeste batota - disse ele, rilhando os dentes.
- Não. Explorei uma fraqueza do meu adversário, o que é diferente.
- Achas... que aquilo foi uma fraqueza?
- Em combate, sim. Queres continuar?
Ele arrancou Brisingr da relva, em resposta, regressando ao local onde tinha iniciado a luta e erguendo a espada.
- Ótimo - disse Arya. Colocando-se na mesma posição, diante dele.
Desta vez, Eragon foi muito mais cauteloso ao aproximar-se dela e Arya não ficou no mesmo sítio, avançando cautelosamente, sempre com os olhos verdes claros fixos nele.
Ela estremeceu e Eragon retraiu-se.
Depois, percebeu que estava a conter a respiração e fez um esforço para descontrair.
Deu mais um passo em frente e brandiu a arma velozmente, com toda a força.
Ela aparou um golpe em direção às suas costelas, tentando atingi-lo na axila exposta. O lado rombo da espada dela roçou-lhe nas costas da mão livre, arranhando a cota de malha cosida à luva, ao afastar bruscamente a espada com a mão. Neste momento, o torso de Arya estava exposto, mas ainda estavam demasiado próximos para que Eragon conseguisse efetivamente golpeá-la.
Em vez disso,atirou-se para a frente tentando atingi-la no esterno com o punho da espada, a fim de a derrubar, tal como ela lhe fizera.
Ela torceu o corpo, desviando-se do caminho, e Eragon cambaleou para a frente atingindo o ar com o punho da espada.
Depois deu consigo imóvel, com um dos braços de Arya à volta do pescoço e a face fria e escorregadia da lâmina encantada encostada ao maxilar, sem preceber muito bem como isso acontececera.
Atrás dele, Arya sussurou-lhe ao ouvido direito.
- Podia ter-te cortado a cabeça tão facilmente como quem arranca uma maçã de uma árvore.
Depois libertou-o e empurrou-o. Ele deu meio volta, furioso, e viu que ela já estava à sua espera, de arma em posição, com uma expressão determinada.
A raiva apossou-se dele e Eragon atacou-a.
Trocaram quatro golpes, cada um mais terrível que o anterior. Arya atacou-o primeiro, tentando golpeá-lo nas pernas. Ele aparou o golpe e tentou atingi-la transversalmente na cintura, mas ela esquivou-se do gume cintilante de Brisingr. Sem lhe dar oportunidade de retaliar, ele prosseguiu com um ardiloso golpe circular, que ela aparou com uma facilidade enganadora. Depois avançou e roçou-lhe com a espada pela barriga, com a leveza de uma asa de beija-flor. Arya manteve a sua posição ao concluir o golpe, com o rosto a escassos centímetros do dele, a testa brilhante e as faces afogueadas.
Libertaram-se um do outro com uma cautela exagerada.
Eragon endireitou a túnica, agachando-se depois junto de Arya. A fúria da batalha diluira-se, deixando-o concentrado, senão totalmente descontraído.
- Não entendo - disse ele, baixinho.
- Estás demasiado habituado a lutar com os soldados de Galbatorix. Eles não têm hipótese de te igualar, por isso corres riscos que de outra forma seriam a tua desgraça. Os teus ataques são demasiado óbvios - não devias recorrer à força bruta - e tornaste-te descuidado na defesa.
- Ajudas-me? - pediu. - Lutas comigo quando puderes?
Ela acenou a cabeça.
- Claro. Mas se eu não puder, pratica com Blodhgarm. Ele é tão hábil como eu no manejo da espada. Precisas apenas de praticar com parceiros convenientes.
Eragon tinha acabado de abrir a boca para lhe agredecer quando sentiu a presença de outra consciência para além de Saphira, a tentar penetrar-lhe a mente. Era vasta e assustadora e estava impregnada da mais profunda melancolia; uma tristeza tão grande, que a garganta de Eragon se contraiu e as cores do mundo pareceram perder o brilho. Numa voz pausada e profunda, como se falar fosse um esforço quase insuportável, Glaedr, o dragão dourado, disse:
Tens de aprender... a observar o que vês.
Depois a presença esfumou-se, deixando atrás de si um vazio negro.
Eragon olhou para Arya. Ela parecia tão abalada quanro ele; também ouvira as palavras de Glaedr. Atrás dela, Blodhgarm e os outros elfos murmuravam inquietos. Enquanto isso, Saphira torceu o pescoço à beira da estrada, tentando olhar para os alforges que tinha presos ao dono.
Todos eles tinham ouvido, concluiu Eragon.
Eragon e Arya levantaram-se, correndo para Saphira que disse:
Ele não irá responder-me. Onde quer que estivesse, voltou e não ouvirá nada a não ser a mágoa. Vejam...
Eragon uniu a sua mente à dela e à de Arya e os três tentaram alcançar o coração dos corações de Glaedr, escondido dentro dos alforges. O que restava do dragão parecia mais forte do que antes, mas a sua mente continuava fechada à comunicação exterior e a sua consciência letárgica e indiferente como sempre, desde que Galbatorix assassinara o seu cavaleiro, Oromis.
Eragon, Saphira e Arya tentaram despertar o dragão do seu estupor, contudo Glaedr ignorou-os sistematicamente, dando-lhes a mesma importância que um urso das cavernas daria a meia dúzia de moscas a zunir em torno da sua cabeça.
Ainda assim, Eragon não podia deixar de pensar que a indiferença de Glaedr não era tão absoluta como parecia, dado o sue comentário.
Finalmente, deram-se os três por vencidos e retornaram aos respetivos corpos. Quando Eragon voltou a si, Arya disse:
- Talvez se tocássemos no seu Eldunarí...
Eragon embainhou Brisingr, saltou depois para a pata dianteira direita de Saphira e subiu para a sela emcarrapitada sobre a crista dos ombros, torcendo-se n sela e começando a remaxer nas fivelas dos alforges.
Abrira umadas fivelas e estava a remexer na outra quando o ruído insolente de uma trompa resoou, na dianteira dos Varden, indicando que avançassem. Logo que se ouviu o sinal, a vasta caravana de homens e animais começou a andar, a princípio hesitantemente ms ganhando depois mais fluidez e confiança a cada passo.
Eragon olhou indeciso para Arya e esta resolveu o seu dilema, acenando e dizendo:
- Hoje à noite. Hoje à noite falamos. Vai! Voa com o vento!
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Herança - Dança de Espadas
Eragon cravou Brisingr no chão, entre as botas - algo que jamais faria com uma espada de aço normal - e poisou as mãos no punho, enquanto observava os homens e os animais amontoados na estrada que saía da vasta cidade de pedra. A turbulência entre as hostes diminuíra consideravelmente e ele calculou que já não deveria faltar muito para que as trompas dos Varden lhes dessem ordem para avançar.
Entretanto, continuava a sentir-se enquieto.
Olhou para Arya, que estava junto de Saphira, e um sorriso espalhou-se gradualmente pelo seu rosto. Poisando Brisingr sobre o ombro, aproximou-se calmamente dela, apontando para a espada.
- E tu, Arya? Só lutamos juntos daquela vez em Farthen Dur. - O sorriso alargou-se e fez um floreado com Brisingr. - Melhorei um pouco desde então.
- Pois melhoraste.
- Então, o que me dizes?
Ela olhou criticamente para os Varden e encolheu os ombros.
- Porque não?
Ao encaminharem-se para a extensão plana de erva, ele disse:
- Não vais conseguir vencer-me tão facilmente como antes.
- Tenho a certeza que não.
Arya aprontou a espada e, depois, viraram-se um para o outro, a cerca de nove metros de distância. Sentindo-se confiante, Eragon avançou rapidamente, pois já sabia onde a ia atingir: no ombro direito.
Arya ficou onde estava e não fez qualquer tentativa para se esquivar e, quando ele estava a menos de quatro metros, lançou-lhe um sorriso afetuoso e redioso que lhe enalteceu de tal forma a beleza que Eragon vacilou e os seus pensamentos baralharam-se.
Um fio de aço cintilou na sua direção, mas ele demorou demasiado tempo a erguer Brisingr para aparar o golpe. Um choque percorreu-lhe o braço e ele sentiu a ponta da espada roçar em algo sólido - punho, lâmina ou carne, não sabia ao certo o que era. Fosse o que fosse, percebeu que avaliara mal a distância e que a sua reação o deixara vulnerável ao ataque.
Antes que pudesse conter o seu impulso para diante, um outro impacto desviou-lhe bruscamente o braço que empunhava a espada para o lado. Depois sentiu um nó de dor no tronco, quando Arya o atingiu no torso e o atirou ao chão.
Eragon gemeu, ao aterrar de costas, e ficou sem ar nos pulmões. Olhou para o céu de boca aberta e tentou respirar, mas tinha o abdómen contraído e rijo como pedra, não conseguindo enchendo os pulmões de ar. Uma constelação de pontos vermelhos surgiu-lhe diante dos olhos e, durante alguns segundos de desconforto, receou perder a consciência. Mas depois libertou os músculos e arfou ruidosamente, conseguindo voltar a respirar.
Logo que recuperou a clareza, voltou a levantar-se lentamente, usando Brisingr para se amparar e apoiou-se na espada, curvado como um velho, esperando que a dor no estômago abrandasse.
- Tu fizeste batota - disse ele, rilhando os dentes.
- Não. Explorei uma fraqueza do meu adversário, o que é diferente.
- Achas... que aquilo foi uma fraqueza?
- Em combate, sim. Queres continuar?
Ele arrancou Brisingr da relva, em resposta, regressando ao local onde tinha iniciado a luta e erguendo a espada.
- Ótimo - disse Arya. Colocando-se na mesma posição, diante dele.
Desta vez, Eragon foi muito mais cauteloso ao aproximar-se dela e Arya não ficou no mesmo sítio, avançando cautelosamente, sempre com os olhos verdes claros fixos nele.
Ela estremeceu e Eragon retraiu-se.
Depois, percebeu que estava a conter a respiração e fez um esforço para descontrair.
Deu mais um passo em frente e brandiu a arma velozmente, com toda a força.
Ela aparou um golpe em direção às suas costelas, tentando atingi-lo na axila exposta. O lado rombo da espada dela roçou-lhe nas costas da mão livre, arranhando a cota de malha cosida à luva, ao afastar bruscamente a espada com a mão. Neste momento, o torso de Arya estava exposto, mas ainda estavam demasiado próximos para que Eragon conseguisse efetivamente golpeá-la.
Em vez disso,atirou-se para a frente tentando atingi-la no esterno com o punho da espada, a fim de a derrubar, tal como ela lhe fizera.
Ela torceu o corpo, desviando-se do caminho, e Eragon cambaleou para a frente atingindo o ar com o punho da espada.
Depois deu consigo imóvel, com um dos braços de Arya à volta do pescoço e a face fria e escorregadia da lâmina encantada encostada ao maxilar, sem preceber muito bem como isso acontececera.
Atrás dele, Arya sussurou-lhe ao ouvido direito.
- Podia ter-te cortado a cabeça tão facilmente como quem arranca uma maçã de uma árvore.
Depois libertou-o e empurrou-o. Ele deu meio volta, furioso, e viu que ela já estava à sua espera, de arma em posição, com uma expressão determinada.
A raiva apossou-se dele e Eragon atacou-a.
Trocaram quatro golpes, cada um mais terrível que o anterior. Arya atacou-o primeiro, tentando golpeá-lo nas pernas. Ele aparou o golpe e tentou atingi-la transversalmente na cintura, mas ela esquivou-se do gume cintilante de Brisingr. Sem lhe dar oportunidade de retaliar, ele prosseguiu com um ardiloso golpe circular, que ela aparou com uma facilidade enganadora. Depois avançou e roçou-lhe com a espada pela barriga, com a leveza de uma asa de beija-flor. Arya manteve a sua posição ao concluir o golpe, com o rosto a escassos centímetros do dele, a testa brilhante e as faces afogueadas.
Libertaram-se um do outro com uma cautela exagerada.
Eragon endireitou a túnica, agachando-se depois junto de Arya. A fúria da batalha diluira-se, deixando-o concentrado, senão totalmente descontraído.
- Não entendo - disse ele, baixinho.
- Estás demasiado habituado a lutar com os soldados de Galbatorix. Eles não têm hipótese de te igualar, por isso corres riscos que de outra forma seriam a tua desgraça. Os teus ataques são demasiado óbvios - não devias recorrer à força bruta - e tornaste-te descuidado na defesa.
- Ajudas-me? - pediu. - Lutas comigo quando puderes?
Ela acenou a cabeça.
- Claro. Mas se eu não puder, pratica com Blodhgarm. Ele é tão hábil como eu no manejo da espada. Precisas apenas de praticar com parceiros convenientes.
Eragon tinha acabado de abrir a boca para lhe agredecer quando sentiu a presença de outra consciência para além de Saphira, a tentar penetrar-lhe a mente. Era vasta e assustadora e estava impregnada da mais profunda melancolia; uma tristeza tão grande, que a garganta de Eragon se contraiu e as cores do mundo pareceram perder o brilho. Numa voz pausada e profunda, como se falar fosse um esforço quase insuportável, Glaedr, o dragão dourado, disse:
Tens de aprender... a observar o que vês.
Depois a presença esfumou-se, deixando atrás de si um vazio negro.
Eragon olhou para Arya. Ela parecia tão abalada quanro ele; também ouvira as palavras de Glaedr. Atrás dela, Blodhgarm e os outros elfos murmuravam inquietos. Enquanto isso, Saphira torceu o pescoço à beira da estrada, tentando olhar para os alforges que tinha presos ao dono.
Todos eles tinham ouvido, concluiu Eragon.
Eragon e Arya levantaram-se, correndo para Saphira que disse:
Ele não irá responder-me. Onde quer que estivesse, voltou e não ouvirá nada a não ser a mágoa. Vejam...
Eragon uniu a sua mente à dela e à de Arya e os três tentaram alcançar o coração dos corações de Glaedr, escondido dentro dos alforges. O que restava do dragão parecia mais forte do que antes, mas a sua mente continuava fechada à comunicação exterior e a sua consciência letárgica e indiferente como sempre, desde que Galbatorix assassinara o seu cavaleiro, Oromis.
Eragon, Saphira e Arya tentaram despertar o dragão do seu estupor, contudo Glaedr ignorou-os sistematicamente, dando-lhes a mesma importância que um urso das cavernas daria a meia dúzia de moscas a zunir em torno da sua cabeça.
Ainda assim, Eragon não podia deixar de pensar que a indiferença de Glaedr não era tão absoluta como parecia, dado o sue comentário.
Finalmente, deram-se os três por vencidos e retornaram aos respetivos corpos. Quando Eragon voltou a si, Arya disse:
- Talvez se tocássemos no seu Eldunarí...
Eragon embainhou Brisingr, saltou depois para a pata dianteira direita de Saphira e subiu para a sela emcarrapitada sobre a crista dos ombros, torcendo-se n sela e começando a remaxer nas fivelas dos alforges.
Abrira umadas fivelas e estava a remexer na outra quando o ruído insolente de uma trompa resoou, na dianteira dos Varden, indicando que avançassem. Logo que se ouviu o sinal, a vasta caravana de homens e animais começou a andar, a princípio hesitantemente ms ganhando depois mais fluidez e confiança a cada passo.
Eragon olhou indeciso para Arya e esta resolveu o seu dilema, acenando e dizendo:
- Hoje à noite. Hoje à noite falamos. Vai! Voa com o vento!